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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Emprestando um grito...

Enquanto muitos se travestem e fingem ser ciganos país afora e uns tantos que o são de verdade e se aproveitam desta ocasião como oportunistas, em várias partes do mundo esta etnia ainda é perseguida mesmo que não sejam nenhum tipo de ameaça a não ser por serem literalmente livres. Ocorre aqui também bem perto...

Recebo de uma amiga romi (cigana) de Volta Redonda, RJ, o seguinte artigo no jornal A Voz da Cidade datado de 02/12/2017... (vale lembrar que aquela região incluindo Barra Mansa e Resende é rota migratória de ciganos)


O fato é a ignorância tanto da cultura como as vistas cegas para o que acontece ali. As calins (ciganas descendentes dos ciganos portugueses que aqui estão praticamente desde a transferência da coroa para cá) não mendigavam e nem exploravam seus filhos conforme denúncia feita, pois trabalhavam vendendo panos de prato!

Segundo bom senso, isto não indica nenhum ato exploratório de seus filhos e sequer fere o Estatuto do Menor conforme relata o representante do Ministério Público local.

Pergunta fica no ar: por qual razão vemos em todas as cidades crianças gadjes (não ciganas) trabalhando nas ruas vendendo balas nos sinais (e às vezes até com seus pais por perto) e nunca vemos as mesmas medidas tomadas sobre suas tutelas?

O desconhecimento da cultura cigana, da lei que o permite exercer sua etnia em território nacional e o descaso mascarado contra a etnia naquela região faz a gente pensar como deveríamos agir para ajudar.

Seriam eles diferentes de outros por serem de outra etnia?

Em meio a momentos de puro preconceito sob os olhos da intolerância atual em diversos segmentos, deveríamos rever os conceitos que carregamos...ou a falta deles.

Ainda menciono quantas vezes ouvi de pessoas estudiosas e ligadas a este povo que sua história sequer passa em nosso registro histórico se lembrarmos de que eles participaram da construção de nossa história e estão aqui desde o século XVI.

Por esta e tantas outras razões tenho minhas diferenças com pessoas que brincam de serem ciganas, que usufruem ainda que mal e porcamente da cultura para terem seu "ganha pão" artístico ou místico, de alguns poucos mal caráter infelizmente presentes dentro da etnia e que sequer movem uma palha para ajudar seu semelhante. Quando muito, com algum cargo de alguma ONG se postando como representante desta minoria étnica e ainda conseguindo algum dinheiro para si diante dos maiorais em Brasília, mas não para aplicar na causa dos ciganos nômades e semi nômades espalhados pelo país os quais supostamente dizem representar.

Aqui apenas empresto meu espaço no blog para dar, ainda que apenas escrito por mim mesmo e em prol dos amigos ciganos, um grito sobre o assunto e pedir  que tenham um olhar mais seguro sobre a etnia antes de tomarem qualquer atitude insana. Concordarei se houverem ciganos que sejam infratores das leis de nosso país e que devem ser julgados como qualquer cidadão pelas leis comuns a todos.

Não há nada melhor que os devidos Ministérios e Secretarias Sociais, além da própria população local, se atenham da lei que os libera exercerem sua etnia em nosso país e verem se as referidas denúncias não são alvo de puro preconceito, o que é crime previsto em lei.

Pronto, gritei!
Desta vez com uma situação recente, pois de tantas outras já falei aqui e com baixíssimos resultados positivos.

Espero com este grito fazer com que aqueles que lêem meus artigos aqui, que (re)pensem sobre nossa pluralidade étnica e as respeitem como são.

Um comentário:

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