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domingo, 27 de abril de 2014

FLAMENCO... simples assim.

Fala-se muito em FUSÃO de alguns gêneros de dança com o Flamenco. Muitas vezes um grande equívoco pra mim quando a "fusão" vem com uma de suas próprias raízes.

Quem conhece a HISTÓRIA DO FLAMENCO sabe que sua existência se deve por conta de uma verdadeira FUSÃO DE CULTURAS... o Mouro, que é de origem árabe, o próprio espanhol migrante, o Judeu ali estabelecido também e pelos próprios ciganos, andarilhos de muitos séculos em busca de um lugar que atenda aos anceios de sua cultura peculiar. Aos ciganos, ainda cabe a observação que muitos se estabeleceram e ficaram em alguns países absorvendo a cultura local e misturando com a bagagem que trouxe dos países anteriores.

Jarchas mozárabes, lamentos judaicos, crótalos gregos e lamento do povo cigano que veio da distante Índia para cair na Andalucia, sul da Espanha, onde encontra eco e trazem à tona a resultante destas culturas marginalizadas pelas razões históricas daquela península.

Se foram eles os unicos criadores, hoje é quase certo dizer que não, mas são os RESPONSÁVEIS por trazer ao ápice o que hoje conhecemos como Flamenco, uma arte visceral impulsionada pelo eco das facetas da vida do homem, as facetas da pena e da alegria, as facetas do amor sentido em todo lugar onde existe ser humano.

Flamenco Árabe? Ele já tem em suas origens...
Flamenco Cigano? Já tem em suas raízes...
Flamenco Judaico? Risos.... já tem nas raízes...
Flamenco o quê então?

Simplesmente Flamenco.

Fusões.... só com outros estilos que NÃO PERTENCEM a sua formação básica... simples assim!

Por esta razão, Flamenco se tornou Patrimônio Imaterial e Cultural da Humanidade representada basicamente pelos seus três pilares :n o Canto, a Guitarra espanhola e a Dança.

Isso é Flamenco independente de seu estilo tradicional, conservador ou mesmo contemporâneo  onde se deve preservar a mola mestra de sua própria existência: os sentimentos humanos.


Ciganos e Payos (não ciganos) acompanham a evolução desta arte em todos os setores e fica difícil dizer aonde está a ciganicidade da arte como no pricípio onde somente artistas ciganos executavam com certa singularidade o Flamenco. E servindo de fonte de inspiração para o maravilhoso resultado que encontramos hoje na cena mundial.












domingo, 13 de abril de 2014

Santa Sara, a Kali? E Kali, a Deusa Indiana? Breve questionamento


Sobre todos os mitos e as lendas de ciganos não existe nenhuma maior que envolva a devoção a Santa Sara.
Para a maioria de ciganos e gadjos (não ciganos) ela só surge aqui no Brasil como a "santa dos ciganos" após a novela Explode Coração com tematica cigana. Ali aparece a primeira menção desta santa e a partir dai surgiu uma febre por "não ciganos" e alguns ciganos daqui, com todo o meu respeito.

As matérias deste post foram retiradas da internet; portanto podem existir fatos que não condigam com a realidade dos ciganos e dos admiradores de Kali. Apenas estimulo a todos a pesquisar e refletir...

Então quem foi Santa Sara, a Kali?
(WIKIPEDIA)
http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Sara_Kali

O seu nome, tal como o de Sara no Antigo Testamento, pode ser um nome hebraico que indica uma mulher de alta sociedade, que algumas vezes é traduzido como “princesa” e outras “senhora”. Já o epíteto Kali deve significar "negra", da língua indiana sânscrito, pela sua tez ser escura. Seu culto se liga ao das Virgens Negras.

As lendas a identificam como a serva de uma das três mulheres de nome Maria que estavam presentes à crucificação de Jesus.

Algumas falam que ela seria serva e parteira auxiliar de Maria, e que Jesus, por esta tê-lo trazido ao mundo, teria uma alta estima por ela. Outras, que era serva de Maria Madalena. Seu centro de culto é a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer, na França, onde ela teria chegado junto com Maria Jacobina, irmã de Maria, mãe de Jesus, Maria Salomé, mãe dos apóstolos Tiago e João, Maria Madalena, Marta, Lázaro e Maxíminio. Eles teriam sido jogados no mar em um barco sem remos nem provisões, e Sara teria rezado e prometido que se chegassem a salvo em algum lugar ela passaria o resto de seus dias com a cabeça coberta por um lenço. Eles depois disso chegaram a Saintes-Maries, onde algumas lendas dizem, foram amparadas por um grupo de ciganos. A imagem de Santa Sara fica na cripta da igreja de Saint Michel, onde estariam depositados seus ossos.


Fontes variam: se sua canonização consta de 1712, ou se é uma santa regional. Sua festa é celebrada nos dias 24 e 25 de maio, reunindo ciganos de todo o mundo.
Sua imagem é coberta de lenços, sendo ela uma protetora da maternidade. Mulheres (romi) que não conseguem engravidar e mulheres que pedem por um bom parto, ao terem seus pedidos atendidos, depositam aos seus pés um lenço (diklô). Centenas de lenços se acumulam aos seus pés.

As pessoas fazem todo tipo de pedido para Santa Sara, por sua fama de atender todos os que depositam verdadeira fé nela. Santa Sara é a santa dos desesperados, dos ofendidos e dos desamparados.

"Nômades" naquela epoca era o que mais existia! Foi facil associar a Sara, a escrava egipcia de origem nômade, aos ciganos de hoje.

Vale ressaltar que os ciganos absorvem a cultura local, inclusive a devoção local. Muitos ciganos ainda sequer conhecem esta Santa Sara e adoram santos e deuses locais como aqui no Brasil. São Jorge, N.S.Conceição, Aparecida, Santo Antonio e segue de acordo com a região. E na Espanha... Macarena, Rocio e tantas outras locais








E Kali, da India?

Etimologia
"Cali" vem do sânscrito Kālī, काली (que significa, literalmente, "A Negra").

(WIKIPEDIA) http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Kali

É a verdadeira representação da natureza e é também considerada, por muitas pessoas, a essência de tudo o que é realidade e a fonte da existência do ser. Deusa da morte e da sexualidade, é a "esposa" do deus Shiva em algumas culturas. Já segundo os Vedas, Shiva é transformado em Kali, que seria um de seus lados, para trazer o fim. Segundo o tantrismo, é a divina "mãe" ou pai do universo, destruidor(a) de toda a maldade. É representada(o) como uma mulher exuberante, em uma parte da Índia; em outra, como homem de pele escura, que traz um colar de crânios em volta do pescoço e uma saia de braços decepados — expressando, assim, a implacabilidade da morte. A lenda conta que, numa luta entre Durga e o demônio Raktabija, este aterrorizou Durga com um diabólico feitiço: cada gota de seu sangue se transformava em um demônio. Durga e Shiva, ao tentar matar os vários demônios que surgiam de cada gota de sangue, cortavam a cabeça (e, daí, nasciam mais e mais demônios). Já em desespero, surge Kali, que cortava as cabeças e lambia o sangue (daí, a representação tradicional sua com o colar de cabeças, a adaga e a língua de fora). Assim, dizimou os demônios de Raktabija.

Mas Kali não é uma deusa ou deus do mal, pois, na verdade, o seu papel de ceifadora de vidas é absolutamente indispensável para a manutenção do mundo. Os devotos são, supostamente, recompensados com poderes paranormais e com uma morte sem sofrimentos. É, também, uma das formas da deusa Parvati, esposa de Shiva. É coberta de cobras no seu corpo em vez de roupas, e tem um colar dos crânios dos seus filhos.

A figura da deusa tem quatro braços, pele azul, os olhos ferozmente arregalados, os cabelos revoltos, a língua pendente, os lábios tintos de hena e bétele. No pescoço, traz um colar de cabeças humanas (símbolo da reencarnação), e, nos flancos, uma faixa de mãos decepadas. Sempre é representada em pé sobre o corpo caído do esposo Shiva.


Apesar da aparência de malvada, Kali mostra o lado escuro da mulher ou do transgênero e a verdadeira força feminina. Kali é venerada na Índia como uma mãe pelos seus devotos e devotas, que esperam, dela, uma morte sem dor ou aflição e a libertação do ciclo de reencarnações. Acredita-se que assombre locais de cremação.

Refletindo então...
A possivel origem deste povo parece estar diretamente ligada na India mesmo,  por conta de sua lingua possuir derivados do sânscrito antigo; encontrado somente no antigo Punjab, na India.

A palavra "kali" apos o nome de Sara serve apenas para designar a cor de sua pele conforme a etmologia nos ensina.

Independente de credos, mitos e lendas não existe nenhuma reação comprovada entre Santa Sara Kali, a santa de uma parte ciganos, e Kali, a deusa Indiana.

FONTES:
Wikipedia https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia:P%C3%A1gina_principal
Google https://www.google.com.br/
Embaixada Cigana  http://www.embaixadacigana.com.br
livros:
"Os Misterios de Santa Sara, O retorno da Deusa pelas mãos dos Ciganos", de Sybila Rudana
"Ciganos, Rom, um povo sem Fronteiras", de Nelson Pires Filho
"Povo Cigano", "Os Ciganos ainda estão na Estrada" e "Lendas e Historias ciganas" de Cristina da Costa Pereira
"Ciganos, Antologia de ensaios", de Atico Vilas Boas da Mota

sábado, 5 de abril de 2014

Fusão e Confusão....

"Em terra de cegos quem tem olho é rei".



Em vários lugares e festas Brasil afora é difícil entender o que é a dança que chamam de FUSÃO, se está estilizada ou com alguns movimentos de outros estilos...

Ou seria Confusão?

Dos dicionários da vida:
FUSÃO:
Na Wikipédia em português, fusão é um rótulo dado à necessidade de dois ou mais artigos que tratam do mesmo tema serem reunidos sob um único título. O resultado desta operação será um artigo contendo o conteúdo revisado dos dois originais e um ou mais redirecionamentos.

CONFUSÃO:
Por Dicionário inFormal
QUANDO NÃO SE TEM CLAREZA DO QUE SE VÊ E DIZ.
A PESSOA FAZ CONFUSÃO, NÃO SABENDO AO CERTO OS REAIS FATOS ACONTECIDOS.

Pra mim, em dança, fazer uma FUSÃO entre dois estilos (no mínimo) precisa ter o TOTAL DOMÍNIO das artes propostas para não cair no estilismo ou mesmo na CONFUSÃO.

Conhecer profundamente a arte que faz com a arte a ser fundida. É muito comum ver danças confusas em suas apresentações porque a proposta não foi atingida exatamente pelo fato de que a segunda dança proposta ficou apenas nas menções estilizadas do artista que não se aprofundou nos conhecimentos para a tal proposta. Cairemos na explicação acima sobre CONFUSÃO.

Existe um trabalho de um grupo carioca, GRUPO RAGA, que soube perfeitamente trabalhar o tema de Fusão com os estilos de danças propostos. No show "De Benarez a Jerez", inspirado no cd de mesmo nome deste grupo, é bem visível a Fusão entre os estilos Indianos e Flamencos proposto pelo grupo onde é nítida as distintas danças e suas fusões.

O Grupo Raga tem a direção da bailarina Suzane Travassos que hoje dirige a Casa Azul, em Laranjeiras. Suzane tem em sua bagagem de dança a formação em Ballet Clássico, em Danças Indianas (o Khatak) e o Flamenco, além de buscar em linguagens mais modernas o uso da Dança Contemporânea, o que resultou em novos shows como o TAKADIMI.


Este é um exemplo bem brasileiro de como se fazer uma Fusão. Aqui já mais contemporâneo e várias outras danças são expressas e em vários estilos musicais.





Eu mesmo já trabalhei neste tema quando resolvi, por influência do tempo em que pude participar como convidado do Grupo Raga, criar uma coreografia que fundisse as danças Indiana e Flamenca.


Criei a coreografia Kali, referências na deusa Indiana. Ali tem os elementos de ambos os estilos e a música foi montada tomando como referência o Khatak, o Martinete, onde os dançarinos usaram os Snuj para marcação de compasso deste ritmo flamenco marcada com o "bater do martelo na bigorna" e que se encerra por um parente próximo, a Siguiriya.



A própria Zambra, tema polêmico entre as danças ciganas por conta da duvidosa origem, possui elementos característicos da Dança do Ventre, da Dança Cigana e do próprio Flamenco. Ainda há que se observar que o estilo musical é bem peculiar deste estilo e que a maioria dos artistas, por desconhecerem suas origens, sua história e seus melismas musicais, acabam caindo na Confusão. Muitos a chamam de Flamenco Árabe... eu acho um equívoco.

Como hoje a dança está bem mais livre em suas influências, é notável em algumas delas o uso de acessórios que não são originalmente de suas raízes. Devemos lembrar que o próprio Flamenco já é uma fusão de estilos e que carrega deste resultado o estilo musical árabe, cigano, indiano espanhol e africano. Então qualquer Fusão dentro dele pode se tornar uma verdadeira Confusão dependendo de como é feita!




OBSERVAÇÃO: Não sou contra a Fusão, apenas acho que quem faz tem que ter o domínio das artes a serem fundidas! Eu quando faço, faço com aquelas que domino porque tenho material de pesquisa comprovando... Então posso afirmar o que falo, mas não dizer que os outros estão errados. Tirem suas conclusões.

Deixo aqui alguns exemplos que considero referência em Fusão de estilos... Mas pra mim Zambra não é fusão.